O exemplo chileno

Reduzir a crise de obesidade é tarefa que inclui governos. Estudo revela como intervenções do governo do Chile estão transformando positivamente a alimentação no país.

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Recentemente, o Chile tem sido citado como exemplo pelo modelo de previdência social.

Mas o país tem alcançado destaque também com outras políticas públicas.

Como a do combate à obesidade da população.

Em 2016, o governo chileno adotou políticas abrangentes.

A abordagem foi focada em rótulos de alimentos, restrições de comercialização e ações nas escolas.

Alimentos com alto teor de açúcar, gorduras saturadas e sódio passaram a exibir sinais pretos na embalagem.

E deixaram de ser vendidos nas escolas e anunciados para crianças.

Também foi proibido o uso de personagens infantis na publicidade.

Por este motivo, naquele país o tigre da Kellogg’s deixou de existir – leia mais aqui.

A lei, considerada a mais rigorosa do mundo, era também uma necessidade.

Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que o Chile tem uma das taxas de obesidade mais altas do mundo.

Para avaliar a eficácia das ações tomadas, um estudo investigou a reação das mães às campanhas.

Elas foram escolhidas pela maior probabilidade de serem quem compra a comida da família.

A pesquisa é da Universidade da Carolina do Norte e Gillings School of Global Public Health (Estados Unidos).

Do lado chileno, participaram as universidades do Chile e Diego Portales.

Em 2017, um ano após a adoção das medidas, foram realizados nove grupos de pesquisa de foco qualitativo.

Cada um com sete a dez mães, de crianças de dois a 14 anos.

Todas entenderam que a nova regulamentação das embalagens foi instituída para combater a obesidade infantil.

E reconheceram que os produtos com mais selos pretos eram menos saudáveis.

Este modelo está sendo estudado para adoção no Brasil.

Quanto a mudanças nas escolas, as mães percebem o ambiente mais saudável que antes.

E veem que afetaram em maior grau os mais novos que os adolescentes.

“Mostramos a importância de combater a obesidade com diferentes estratégias que se reforçam mutuamente”.

A declaração é de uma das autoras do estudo, Teresa Correa.

“As mães perceberam uma mudança cultural porque receberam mensagens da mídia e das escolas”.

Além disso, relataram que seus filhos pediam alimentos mais saudáveis.

E usavam os sinais dos rótulos para distinguir escolhas saudáveis de não saudáveis.

Este estudo prova que estas medidas realmente mudam a alimentação de toda uma população.

O importante é enxergar como as crianças são os principais condutores desta mudança.

Com esta base, os conceitos devem render benefícios por várias gerações que virão.

Um exemplo que devemos estudar, já que estamos diante de um fato histórico.

Afinal, este é o primeiro conjunto de políticas que estão mudando comportamentos alimentares.

Ação que pode, de verdade, combater as dietas de baixa qualidade que afetam cada vez mais as crianças.

O estudo foi publicado na Revista Internacional de Nutrição Comportamental e Atividade Física.

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